As fronteiras na Ibero-América, consideradas zonas marginais em relação às áreas centrais, têm vindo a ser reformuladas à luz de novas investigações, como espaços onde se geraram processos múltiplos, dinâmicos e complexos.
A fronteira pampeana do norte da Patagónia, no Rio da Prata, não é exceção, e desde os anos 80 que se tem vindo a verificar uma mudança historiográfica no seu estudo, bem como no das sociedades indígenas com ela relacionadas. Neste processo, foram examinadas as dinâmicas da violência colonial e republicana, e categorias como “genocídio” e “massacres imperiais” foram utilizadas para explicar e nomear as formas como, em ambos os casos, se pretendia administrar, organizar e pacificar as populações que escapavam aos limites políticos de facto. Neste contexto, o cativeiro – enquanto drama da fronteira – e o paradigma que defendia que os grupos indígenas estavam desacompanhados, foram reconfigurados.
Analisaremos essas questões mais detalhadamente, com especial referência ao cativeiro indígena, sem deixar de apontar as dificuldades que persistem, apesar da renovação mencionada, na falta de diálogo entre a “história indígena” e a história oficial.