CALL FOR PAPERS | I SEMINÁRIO “MULHERES COM HISTÓRIA E O 25 DE ABRIL DE 1974”

A DATA FINAL PARA ENTREGA DOS RESUMOS É 19 DE FEVEREIRO.

 

A Comissão Organizadora e o Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Autónoma de Lisboa convidam a comunidade académica e o público em geral a submeterem propostas de intervenção. As/os interessadas/os são encorajadas/os a enviar resumos de suas propostas no período de 20 de dezembro a 02 de fevereiro de 2024.

A ruptura ocorrida em 25 de Abril de 1974, liderada pelo Movimento das Forças Armadas, colocou termo aos longos 48 anos em que Portugal viveu sob um regime de cariz corporativista, antiliberal, antidemocrático, disciplinador e fascizante. Esse movimento foi uma resposta, sobretudo, à pressão exercida tanto pelas lutas de Independência nos países africanos colonizados quanto pelas resistências internas na metrópole. O período revolucionário nas diversas esferas do campo político e social, questionou múltiplos aspectos da vida social, cultural, política e económica do país.

Diversas organizações feministas desempenharam um papel significativo na ampliação do debate sobre a condição da mulher portuguesa e na preservação da memória feminina. Entre essas organizações destacam-se o Movimento Democrático das Mulheres (MDM), o Movimento de Libertação das Mulheres (MLM) e a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR). Além disso, a criação contemporânea de revistas científicas cujo objetivo central é o estudo da história das mulheres, como é o caso da Revista Faces de Eva e da ex aequo, ilustra como esse impulso em relação sobre o devir da relação entre as mulheres e a sociedade deve ser reestruturado e continuamente fortalecido.

Entretanto, a historiografia relativa ao período revolucionário (tanto no âmbito institucional quanto no sociocultural), ainda favorece uma “política de exclusão e silenciamento” das mulheres (Stevens, 2010). Enquanto observamos esforços indispensáveis na compreensão de diferentes objetos de investigação, com mulheres pesquisadoras que se tornaram referências, tais como Varela (2014), Rezola (2007), Accornero (2013), Patriarca (1982), Oliveira (2004) e Abadia (2010), as mulheres continuam a não ser reconhecidas como agentes ativas na construção desta narrativa do período, ou mesmo priorizadas enquanto objetos de investigação. Quando muito, na escrita dessa história, são consideradas sob a perspectiva de uma “participação” feminina, definida a partir do que Kergoat (2018) apontou como “particularismos, ‘especificidades’ em relação ao modelo geral”.

Ao serem subestimadas na narrativa que (re)constrói o período, especialmente em relação ao seu papel ativo nos processos de luta, as mulheres, por extensão, acabam por perder o reconhecimento das conquistas e dos impactos resultantes da rutura revolucionária. Neste contexto, torna-se crucial compreender as disputas que travaram e as estratégias que empregaram, a fim de identificar suas influências nas esferas da reprodução social e nas dinâmicas das relações entre mulheres e homens. Muitas dessas transformações, embora não reconhecidas de imediato, acabaram por influenciar mudanças geracionais sem paralelos, após o período revolucionário.

Posto isto, é fundamental salientar que atualmente testemunhamos novos esforços, sobretudo por parte de investigadoras mulheres, para compreender o período do 25 de Abril de 1974 enquanto um espaço de disputas e contradições, onde elas desempenharam papéis estratégicos na condução desse processo revolucionário. Além dessa perspectiva historiográfica, é relevante destacar o papel da comunicação social como “uma peça importante nas lutas políticas e nas transformações que então se operam” (Rezola & Gomes, 2014). Seja por meio dos jornais ligados a grupos políticos, dos periódicos diários ou das controvérsias que envolveram rádio e televisão durante as disputas entre militares, partidos e organizações populares, esses tópicos são fundamentais como fontes para compreender esse passado revolucionário.

Com o intuito de ultrapassar a denúncia de Perrot (2005) de que as mulheres são submetidas a um “oceano de silêncio”, buscamos contribuições que visem promover um debate público sobre o papel histórico das mulheres, considerando uma abordagem interseccional que leve em conta, principalmente, classe, género e raça. Embora tenhamos um interesse particular nas áreas de cultura, costumes, política e relações sociais, estamos abertas a outras perspetivas que priorizem a mulher enquanto objeto ativo e central de investigação.  Desta forma, propomos alguns tópicos centrais, através das seguintes linhas temáticas indicativas:

  1. Mulheres racializadas em revolução
  2. A mulher e o PREC
  3. Sexualidades
  4. Expressões artísticas e culturais
  5. O trabalho e a mulher
  6. “O aborto não é crime!” O corpo e a saúde das mulheres
  7. A educação pós 25 de Abril
  8. Violência de género – sistémica e estruturalmente
  9. Mulheres na imprensa/meios de comunicação

 

Além dos formatos clássicos de apresentação (comunicações e palestras), convidamos ao envio de propostas noutras formas de produção de conhecimento, tais como: intervenções artísticas; performances; instalações; exposições; projetos cinematográficos ou sonoros. Aceitamos contribuições individuais e coletivas. Não queremos atribuir restrições regionais específicas e estamos principalmente interessadas em trazer perspectivas transnacionais.

Também estamos interessadas em perspetivas históricas que exploram o surgimento e o devir de perspetivas feministas pós-25 de Abril e em relação com o presente. Os níveis analíticos aqui propostos devem servir de inspiração mais do que como uma definição fixa e é um convite à sua ampliação e complementaridade.

Temos enquanto objetivo que derive deste Seminário duas edições: 1) volume de estudos resultante das atas do evento em formato E-Book; 2) uma edição com uma coletânea de artigos desenvolvidos e discutidos no Seminário, em Edição em papel. Para este segundo objetivo, caberá às Comissões a avaliação e seleção dos textos que poderão integrar o volume. Para ambas as edições, convidamos também a submissão de outros géneros literários, como poemas, contos e resenhas.

 

As/os autoras/es serão informadas/os antecipadamente sobre as regras editoriais a adoptar no caso de publicação do seu trabalho, em ambas as modalidades.

 

Cronograma:

  • Prazo para envio de resumos: de 20 de dezembro a 19 de fevereiro de 2024;
  • Seleção de resumos: até 18 de março de 2024;
  • Prazo para trabalhos completos (até 8 páginas) para os que pretendem que a comunicação seja publicada nas atas do Encontro: 29 de abril de 2024;
  • Data do Encontro: 9 e 10 de Maio de 2024.
  • Publicação em atas do evento: Previsão, dezembro de 2024.

 

As propostas deverão ser enviadas para o email com o nome do proponente e a linha temática escolhida, no campo “assunto”: mulhereseo25deabril@autonoma.pt.

O título deverá estar centralizado e o texto do resumo ter entre 300 e 500 caracteres, em Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5 e enviado em formato Word. Solicitamos a identificação da(s) pessoa(s) envolvida(s) nas contribuições e respectiva afiliação.

O nosso objetivo é a concretização de um seminário presencial. Caso a pessoa proponente não esteja em Portugal continental, viabilizaremos a sua participação online.

Os idiomas do seminário são Português e Inglês.

A participação no seminário é gratuita.

Em caso de envio prévio de artigo completo, o mesmo não deverá ultrapassar as 8 páginas, sem contar com a bibliografia e respetivas notas de rodapé, que deverão ser enviadas em formato APA 7.